No dia 8 de maio, o Espírito Santo conduziu o Colégio Cardinalício na eleição do novo Pontífice: Leão XIV, um dom de Deus para a Santa Igreja. Ele entende sua missão como o humilde servo de Deus e dos irmãos. 5z3i59
“O Papa, começando por São Pedro até mim, seu indigno Sucessor, é um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso. Demonstram-no bem os exemplos de tantos dos meus Predecessores, o último dos quais o próprio Papa Francisco, com o seu estilo de total dedicação ao serviço e sobriedade essencial na vida, de abandono em Deus no tempo da missão e de serena confiança no momento da partida para a Casa do Pai. Acolhamos esta preciosa herança e retomemos o caminho, animados pela mesma esperança que vem da fé” (Discurso aos Cardeais, 10/05/25).
Na homilia do início de seu ministério petrino, afirmou: “Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vós como um irmão que deseja fazer-se servo da vossa fé e da vossa alegria, percorrendo convosco o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”.
Mais adiante, manifesta seu primeiro grande desejo: “Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”.
No nosso tempo, disse o Papa, “ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua Palavra que ilumina e consola! Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família. No único Cristo somos um. E este é o caminho a percorrer juntos – entre nós, mas também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade – para construirmos um mundo novo onde reine a paz.
Este é o espírito missionário que nos deve animar, sem nos fecharmos no nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se realize aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”.
A respeito da paz, ele já disse: “Demasiadas vezes pensamos nela como uma palavra ‘negativa’, ou seja, como uma mera ausência de guerra e de conflito, visto que o confronto faz parte da natureza humana e acompanha-nos sempre, levando-nos demasiadas vezes a viver num ‘estado de conflito’ constante: em casa, no trabalho, na sociedade. A paz parece então uma simples trégua, uma pausa de repouso entre uma disputa e outra, porque, por mais que nos esforcemos, as tensões estão sempre presentes, um pouco como as brasas a arder sob as cinzas, prontas a reacender-se a qualquer momento.
Na perspectiva cristã – como na de outras experiências religiosas – a paz é, principalmente, um dom: o primeiro dom de Cristo: ‘Dou-vos a minha paz’ (Jo 14, 27). No entanto, essa paz é um dom ativo e envolvente, que diz respeito e compromete a cada um de nós, independentemente da origem cultural e da filiação religiosa, e que exige, sobretudo, um trabalho sobre si mesmo. A paz constrói-se no coração e a partir do coração, erradicando o orgulho e as pretensões, e medindo a linguagem, pois também com as palavras se pode ferir e matar, não só com as armas” (Discurso aos membros do Corpo Diplomático, 16/05/25).
A respeito da Doutrina Social da Igreja (DSC), o Papa afirmou: “Sobre questões tão importantes, a Doutrina Social da Igreja é chamada a oferecer chaves interpretativas que coloquem em diálogo ciência e consciência, proporcionando assim uma contribuição fundamental para o conhecimento, a esperança e a paz.
Com efeito, a Doutrina Social educa-nos a reconhecer que mais importante do que os problemas, ou do que as respostas a eles, é o modo como os enfrentamos, com critérios de avaliação e princípios éticos, e com abertura à graça de Deus” (Discurso aos membros da Fundação Centesimus Annus Pro Pontifice, 17/05/25).
Jovens: “Os jovens do nosso tempo, como os de todas as épocas, constituem um vulcão de vida, de energias, de sentimentos, de ideias. Vê-se isto a partir das maravilhas que sabem fazer, em tantos setores. Contudo, também precisam de ajuda, para fazer crescer tanta riqueza em harmonia e para ultraar o que, embora de modo diferente em relação ao ado, ainda pode impedir o seu desenvolvimento saudável” (Discurso aos Irmãos das Escolas Cristãs, 15/05/25).
Acolhamos com docilidade os ensinamentos do Papa Leão XIV.
Dom Moacir Silva
Arcebispo Metropolitano
Boletim Informativo Igreja-Hoje
Junho/2025